O prefeito disse não ter ?nenhum embargo pessoal? para discutir o assunto
O prefeito ACM Neto (DEM) e o governador Rui Costa (PT) voltaram a divergir sobre os rumos da política nacional. Desta vez, a discordância se deve à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada por senadores para que seja realizada em outubro deste ano uma nova eleição para presidente e vice-presidente. Enquanto o petista avalia que um novo pleito é “melhor do que um vice traidor assumir a Presidência”, se referindo ao vice Michel Temer (PMDB), o democrata afirma que a proposta “soa como choro de perdedor”.
“Não pode o PT, por uma questão de mera conveniência, porque está na iminência de ser retirado do governo federal, achar que essa é a solução. Por que não propuseram antes da votação que aconteceu no último domingo? Por que fizeram todo o esforço para construir uma maioria e, depois de perder, agora vêm com essa tese? Soa meio como choro de perdedor”, provocou ACM Neto.
O prefeito disse não ter “nenhum embargo pessoal” para discutir o assunto, mas ressaltou que é preciso ter um entendimento da classe política e da sociedade. No início desta semana, Rui Costa afirmou que o vice Michel Temer “não tem legitimidade” para presidir o país. “Os baianos não querem afastamento da presidente, querem respeito ao seu voto. Não sou a favor do vice assumir, porque ele tramou e armou contra a presidente [Dilma Rousseff]. O povo não pode abrir mão do seu voto. Nova eleição é melhor do que vice traidor e cheio de processo na Justiça assumir a Presidência. Se esta for a solução para unificar o país, que então se convoque novas eleições agora em outubro”, pontuou.
A PEC que pede a realização de eleições diretas para presidente e vice-presidente da República no dia 2 de outubro deste ano, juntamente com as eleições municipais, foi protocolada na Mesa do Senado na última terça-feira (19) pelo senador João Capiberibe (PSB-AP). Além de Capiberibe, os senadores Walter Pinheiro (sem partido), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Lídice da Mata (PSB-BA), Paulo Paim (PT-RS) e Cristovam Buarque (PPS-DF) apresentaram a proposta como a “solução negociada para a atual crise política no Brasil”.
O grupo de seis senadores afirmou que o pacto por novas eleições é uma solução para o país e devolve ao povo o direito de opinar e de escolher os chefes da nação. Eles ressaltaram que a alternativa não prejudica o andamento do processo de impeachment de Dilma Rousseff, que já chegou ao Senado. “Se fosse o inverso, se a presidente Dilma tivesse conseguido se manter, ainda assim nós teríamos apresentado a proposta”, garantiu Lídice.
Novo prazo para envio da Louos
Prevista para chegar à Câmara de Salvador em dezembro do ano passado, o projeto de Lei de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo (Louos) será encaminhado agora no final de maio deste ano, segundo o prefeito ACM Neto (DEM). Esta é a terceira vez que o gestor municipal adia a entrega da proposta. Segundo o prefeito, ele atendeu um apelo dos vereadores para que não “misturasse” a discussão do novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) na Casa. Neto afirmou ainda que o aumento do prazo foi positivo para “introduzir novas propostas”.
À Tribuna, a líder da bancada de oposição na Câmara, vereadora Aladilce Souza (PCdoB), disse que não via problema no atraso. “Não temos condições nenhuma de discutir e votar a Louos, antes do debate do PDDU, que não sei se vamos dar conta este ano. A Louos é um detalhamento do plano, então não dá para fazer duas discussões ao mesmo tempo”, avaliou a comunista.
Na mesma linha, a vereadora Vânia Galvão (PT) defendeu que a Louos seja encaminhada após aprovação do novo PDDU. “A Louos é instrumento que regulamenta o plano. […] Como vou regulamentar alguma coisa que não existe?”, indagou.TB