Isaquias Queiroz é o maior medalhista

O Nosso Baianinho, o filho ilustre de Ubaitaba, no Sul do estado da Bahia

 

Os atletas baianos encheram o País de orgulho durante a Olimpíada Rio 2016. O baiano de destaque agora é o canoísta Isaquias Queiroz, 22, que se tornou o maior medalhista olímpico do Brasil ao conquistar três medalhas na mesma edição dos jogos. Além deste ato considerado heróico para os amadores de esportes, o atleta escreveu seu nome na história por também ser o único a levar três medalhas olímpicas na canoagem.

Isaquias foi prata na categoria CI 1.000 metros e bronze na C1 200 metros, além de garantir mais uma prata ao lado do conterrâneo Erlon de Souza Silva na categoria C2 1.000 metros. O recordista foi porta-bandeira do Brasil no encerramento da competição, na noite de ontem (21), e sambou no Maracanã. Natural de Ubaitaba, interior do Estado, cidade com pouco mais de 20 mil habitantes, ele vem de família humilde composta por outros seis irmãos – sendo cinco homens e uma mulher.

Ele foi para a competição acompanhado pela mãe e pela namorada, ambas de sua cidade natal. O atleta fez o Brasil chegar ao Rio 2016 sem jamais ter medalhado na canoagem e sair com três medalhas. Em comemoração ao ato, o município já está preparando uma grande festa para receber o campeão, que tem retorno previsto para esta segunda-feira.

“Meu irmão é um guerreiro. Focou nas provas e lutou pelas medalhas. É o nosso orgulho. Merece essa vitória. Ubaitaba está na expectativa para a chegada de Isaquias; a cidade está em festa”, destacou o irmão do medalhista, Rogério Queiroz, 30, que trabalha com serviços gerais. De acordo com ele, a família está preparando um cardápio especial com os pratos favoritos do canoísta: feijoada, frango ao forno, carne de sol e macarrão.

O prefeito da cidade em questão, Bêda Almeida, chegou ao Rio de Janeiro na última segunda-feira (15) para acompanhar a Olimpíada. Em entrevistas que concebeu a jornais locais, ele enalteceu a figura de Isaquias, declarando que o olímpico adora festejar e abraçar seus amigos. Bêda revelou que fará uma festa aberta ao público regada de muito arrocha – estilo musical que o atleta ama. “A gente conhece a história de desafios, de dificuldades. Um menino de origem humilde, que teve problemas de saúde, e acabou ganhando o mundo. É um exemplo para Ubaitaba e todo o Brasil”, afirmou.

Depois de garantir sua terceira medalha olímpica, Isaquias teve uma agenda lotada de entrevistas, sendo considerado por muitas pessoas um herói nacional. “Duas vezes saí em Copacabana e não deu para andar, sinceramente”, contou em coletiva de imprensa, ainda demonstrando surpresa com a fama. Antes da cerimônia de encerramento dos jogos, o atleta, que foi porta-bandeira da delegação brasileira, fez questão de sinalizar que entraria no gramado sambando.

“O que o brasileiro tem em comum? Felicidade, alegria, vontade de se divertir. Vou entrar brincando, pulando, dançando. Não vou jogar futebol, mas vou sair sambando no campo”, disse.

Ainda em coletiva, Isaquias revelou que seu desejo agora é chegar logo à Bahia e comer acarajé, mais precisamente o de Ubatã, cidade de Erlon, que é segundo ele o melhor do Estado. “Vou fazer bastante coisa diferente do que faço no dia a dia da canoagem. Vida de atleta não tem nada de normal, é tudo anormal”, acrescentou, referindo-se à dura rotina de treinos estabelecida pelo técnico espanhol Jesus Morlán.

MÃE GUERREIRA
Dona Dilma Queiroz, 53, mãe de Isaquias, também ganhou um papel protagonista na reta final dos jogos olímpicos Rio 2016, vista como retrato de um país que canta, sofre, mas é feliz. Ela tem fobia de viagem de avião, mas desta vez encarou o medo para acompanhar o filho.  Foi esse companheirismo que motivou ainda mais o atleta a conquistar tantas medalhas.

Durante os jogos, mãos para o céu e olhos fechados enquanto orava pedindo para que tudo desse certo ao logo das disputas que Isaquias encarava. E deu. Mas a garra de dona Dilma não se resume a enfrentar viagens de avião. Após perder o marido, Lourival, ela conseguiu conciliar a criação de seus filhos com o trabalho árduo de servente.

O filho ilustre de Ubaitaba, no Sul do estado

Talvez o canoísta Isaquias Queiroz dos Santos não tenha ideia do encanto e magia que suas braçadas na Lagoa Rodrigo de Freitas proporcionaram à Ubaitaba, cidade vizinha de Itabuna e Ilhéus.

A reportagem entrou em contato com vários ubaitabenses tão logo Isaquias subiu ao pódio pela terceira vez – foi prata na prova C-1000 metros, em dupla com Erlon de Souza. A escolha aleatória de anônimos da cidade e a reação relatada por cada um deles à nova medalha retratam o tamanho da façanha do canoísta.

“As pessoas não param de chorar. Botaram um telão no Colégio Céu, no centro, e houve festa a semana toda. Isaquias é muito humilde, a mãe dele trabalha como faxineira na rodoviária. Estamos esperando agora por ele”, disse a cabeleireira Fabricia Leão, que, a princípio, pensou que a ligação se tratava de um trote do irmão, Fernando Leão, gerente do restaurante ‘Art e Chopp’ na Taquara, bairro da zona oeste do Rio.

“Para de brincar, Fernando cara de manga rosa. Está todo mundo feliz aqui e você fica zoando.” Depois, ao perceber o engano, contou da vida de seu irmão no Rio e passou o número do celular dele.

“Rapaz, o Isaquias já era o orgulho de Ubaitaba e da Bahia. Agora ele é orgulho do Brasil. Nossa cidade está famosa no mundo todo. A gente nem sabe o que falar”, declarou Fernando, cumprimentado durante todo o dia pelos demais funcionários do restaurante.
Também localizado no centro de Ubaitaba, o supermercado ‘Pegue e Pague’ viveu um dia especial. “Na hora da prova de hoje (sábado), até os caixas largaram tudo pra ver o Isaquias. A gente queria o ouro. Mas a prata foi uma grande conquista”, contou Dernerval Melo Barbosa, 48 anos, funcionário da casa. “Nas lojas de roupa aqui do lado foi uma gritaria só. Muita gente chorando de alegria. Eu estou com as pernas tremendo sem parar.”

Num dos poucos postos de gasolina da cidade, batizado de Santa Therezinha, a atendente Flavia Souza Gomes falou que não conseguiu se controlar ao ver Isaquias com outra medalha.Reportagem do Terra.”

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