Segundo o levantamento, a pobreza no estado é maior entre pretos ou pardos (43,8%) do que brancos (38,6%), sendo as mães solteiras negras a parte da população baiana em maior situação de vulnerabilidade
Mais de 6,3 milhões de baianos estavam vivendo abaixo da linha da pobreza em 2018, o que representa 42,9% de toda a população do estado, conforme pesquisa divulgada nessa quarta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o levantamento, a pobreza no estado é maior entre pretos ou pardos (43,8%) do que brancos (38,6%), sendo as mães solteiras negras a parte da população baiana em maior situação de vulnerabilidade. Mais de 75% delas são consideradas pobres, frente a 63% no Brasil como um todo.
Há também desigualdade por cor ou raça na renda. O rendimento médio domiciliar per capita de pretos ou pardos era cerca de 30% menor que o dos brancos na Bahia e quase metade (-47,3%) em Salvador. Na capital, segundo o IBGE, a desigualdade salarial por cor ou raça supera a provocada pela informalidade: trabalhadores brancos informais ganham 4,3% mais que pretos ou pardos formalizados.
Os dados do IBGE apontam que os moradores da Bahia que estão abaixo da linha de pobreza sobrevivem com R$ 413 por mês. O percentual de pessoas nessa condição que se declaravam pretos ou pardos era maior que a média: 43,8%, ou 5,3 milhões eram considerados pobres. Entre os brancos, o percentual de pobres era 38,6% ou 1,032 milhão de pessoas. No Brasil, a incidência de pobreza entre pretos ou pardos (32,9%) era mais que o dobro da verificada entre os que se declaravam brancos (15,4%).
A Bahia possui a terceira menor diferença na incidência de pobreza entre brancos e pretos ou pardos, ficando acima apenas de Mato Grosso e do Distrito Federal. “Em Salvador, a desigualdade, porém, era maior em favor dos brancos. Enquanto 22,3% da população total da capital baiana estavam abaixo da linha de pobreza em 2018 (637 mil pessoas), entre as pessoas brancas o percentual caía para 15,2% (71 mil) enquanto entre as pretas ou pardas subia para 23,6% (558 mil). Era a 19ª maior diferença (8,4 pontos percentuais) entre as 27 capitais. No Brasil, a incidência de pobreza entre pretos ou pardos (32,9%) era mais que o dobro da verificada entre os que se declaravam brancos (15,4%).”, aponta o estudo.
Mães solteiras – “Na Bahia, a pobreza é mais frequente na população preta ou parda do que na média e entre as pessoas brancas. Mas ela atinge seu mais alto patamar num grupo específico de pretos ou pardos: mulheres que vivem sem a presença de cônjuge e com filhos menores de 14 anos de idade, ou seja, mães solteiras negras”, discorre a supervisora de disseminação de informações do IBGE, Mariana Viveiros.
Em 2018, no estado, quase 8 em cada 10 pessoas que viviam nesse tipo de arranjo familiar estavam abaixo da linha de pobreza, ou seja, 75,1% das mães solteiras pretas ou pardas e seus filhos tinham menos de R$ 413 por mês, o que significava 682 mil pessoas nessa condição. Esse grupo representava 1 em cada 10 pobres na Bahia (10,8%).
E a vulnerabilidade dessas famílias à pobreza era maior no estado que no país como um todo. No Brasil, embora as mães solteiras pretas ou pardas também apresentassem em 2018 a maior incidência de pobreza, o percentual era mais baixo que o baiano (63,0%).
Rendimento domiciliar – Viveiros explica na pesquisa que a maior incidência de pobreza na população que se declara preta ou parda tem relação com a desigualdade no rendimento por cor ou raça. Consta na pesquisa referente ao ano passado que, enquanto o rendimento médio domiciliar per capita médio dos baianos brancos ficava em R$ 1.122, o dos pretos ou pardos era de R$ 770 (-31,4%).
“Embora ainda seja bastante significativa, essa diferença caiu em relação a 2017, quando havia chegado a seu ponto máximo (-48,0% para pretos ou pardos) e atingiu em 2018 o seu mais baixo patamar no estado, desde 2012”, destaca a supervisora.
Em Salvador, a desigualdade no rendimento domiciliar per capita por cor ou raça era ainda maior. Os pretos ou pardos tinham renda média de R$ 1.386, quase metade (-47,3%) dos brancos R$ 2.628. Essa diferença também se reduziu em relação a 2017, quando era de -62,2% e chegou a seu menor patamar desde 2012. Em todo o país, as pessoas pretas ou pardas tinham rendimento médio domiciliar per capita de R$ 934, frente a R$ 1.846 dos brancos (-49,4%).
“As diferenças no rendimento domiciliar per capita são, por sua vez, resultado direto das diferenças salariais por cor ou raça. Nesse indicador, Salvador tem destaque negativo entre as capitais brasileiras. Considerando-se todos os trabalhos, sejam eles formais ou informais, Salvador tinha, em 2018, a 6ª maior desigualdade entre o salário médio dos pretos ou pardos (R$ 1.921) e o dos brancos (R$ 3.737): – 48,6%”, afirma o estudo.
Tribuna da Bahia