Conheça os perigos da gordura abdominal

O  acúmulo da gordura nos órgãos abdominais tem impacto direto nos hormônios que controlam os níveis de açúcar no sangue

 

Sabe a “barriga de chope” tão comum nos homens? Pois bem, nem sempre o vilão é o chope. A saliência é causada pelo excesso de gordura visceral e pode desencadear uma série de danos à saúde. Nas mulheres, geralmente, este fenômeno é  mais comum após a menopausa, em virtude da queda dos níveis de estrógeno (hormônio).

Localizada dentro da cavidade abdominal, a gordura visceral tem como função proteger os órgãos como fígado e pâncreas, porém quando acumulada demasiadamente pode causar  doenças cardiovasculares e diabetes.

“O acúmulo da gordura nos órgãos abdominais tem impacto direto nos hormônios que controlam os níveis de açúcar no sangue, levando à dificuldade de ação da insulina no organismo e predispondo ao diabetes tipo 2. Além disso, esta gordura facilita o acúmulo de placas nos vasos sanguíneos, podendo levar a quadros graves, como infarto do coração e derrame cerebral”, explica o presidente da Sociedade Bahiana de Endocrinologia, o médico Joaquim Custódio da Silva Júnior.

E foi exatamente quando atingiu um desses “quadros graves”  que o engenheiro eletricista Miguel Orsolete, 57, entendeu que precisava ter mais qualidade de vida, ou seja, preocupar-se com a saúde. Ele conta que depois dos 40 anos de idade começou a engordar e chegou a pesar 140 kg.

O excesso de peso levou-o a desenvolver alguns problemas e, por fim, a uma mesa de cirurgia para reparar o coração, devido a um infarto.

“Minha alimentação era irregular e fui muito sedentário. A verdade é que eu só pensava em trabalhar e esqueci de cuidar da minha saúde. Fiquei com o coração debilitado e precisei colocar uma prótese”, conta.

Desde o dia 31 de junho, Miguel faz um tratamento em uma clínica de obesidade e já perdeu mais de 8 kg. “Tenho uma alimentação mais saudável e pratico yoga, hidroginástica, caminhada e aeróbica. Tudo dentro do limite”, comemora.

O susto levou Miguel a repensar a vida e , hoje, aconselha a todos que  deem mais atenção à saúde. “As pessoas precisam priorizar a saúde, porque, sem ela, nada do que for feito agora valerá depois, se não houver saúde para desfrutar”, diz.

Diagnóstico

Para avaliar a quantidade de gordura visceral no corpo, o exame-padrão a ser realizado é a  tomografia computadorizada de abdômen. Porém este exame pode ter um custo elevado (em média R$ 600). Mas outros métodos também podem ser utilizados, como bioimpedanciometria,  ressonância magnética ou  densitometria.

Além desses, o endocrinologista Sério Braga diz que  as medidas antropométricas (ramo da antropologia que estuda as medidas e dimensões das diversas partes do corpo humano) são o método mais simples e mais utilizado para se diagnosticar a gordura visceral.

“A circunferência da cintura é o método mais comumente usado na literatura (em ensaios clínicos) para avaliar a adiposidade (gordura) visceral, havendo sugestões de pontos de corte associados a maior risco cardiovascular”, explica. Ainda segundo o endocrinologista, existem alguns valores preestabelecidos para dimensionar a circunferência da cintura que estão associados à presença de risco cardiovascular. Sendo para mulheres 88 cm e para homens 102 cm. Os valores foram instituídos pela National Cholesterol Education Program.

“No entanto, recentemente, a  International Diabetes Federation  estabeleceu os valores de 94 cm para homens e 80 cm para mulheres, na população europeia, além de propor valores de corte diferentes para cada etnia. Na verdade, parece haver uma diferença racial na relação entre distribuição de gordura e síndrome metabólica”, ressalta Braga.

 

 

 

Tratamento

Para livrar-se da gordura visceral só mesmo mudando o estilo de vida. Adquirir hábitos alimentares saudáveis e praticar exercícios físicos são essenciais, como afirma a nutricionista  Gildete Fernandes.

“Aumentar a quantidade de raízes (batata-doce, aipim) e de frutas é um bom começo”, afirma. Ainda segundo a nutricionista, um cardápio ideal contém  50% de carboidratos (pães, arroz, massa, etc.), 30% de gordura (presente no óleo, manteiga, etc.) e 20% de proteína (carne, derivados do leite, etc.).

De acordo com o professor de educação física Marcus Paulo Brito, por se tratar de uma gordura intra-abdominal, não existe exercício físico específico para eliminação, e sim atividades que podem auxiliar em seu controle.  “Misturar exercícios que envolvam aeróbica, flexibilidade é o mais correto”, aconselha.

Ainda segundo Marcus, para quem está iniciando a prática,  o ideal é fazer exercícios 3 a 4 vezes por semana, em um tempo  de 35 a 45 minutos cada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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